Segurança Neonatal e Pediátrica: Um compromisso com o futuro da saúde
- Cátia Albuquerque
- 2 de jun.
- 4 min de leitura
Em 2025, a Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou um tema vital e sensível para o Dia Mundial da Segurança do Paciente: "Cuidados seguros para cada recém-nascido e cada criança".
O foco é mobilizar profissionais, instituições e gestores da saúde para a prevenção de danos evitáveis nessa faixa etária tão vulnerável.
Mensagem-chave da OMS para 2025: “Nenhuma criança deve ser prejudicada por buscar ou receber cuidados de saúde.”
Por que falar sobre segurança neonatal e pediátrica?
Crianças, especialmente recém-nascidos e lactentes, apresentam características que os tornam mais suscetíveis a riscos no ambiente hospitalar:
Sistema imunológico ainda em desenvolvimento.
Dificuldade de comunicação de sintomas.
Peso e metabolismo que exigem doses e cuidados diferenciados.
Alta dependência de terceiros para higiene, alimentação e movimentação.
Erros em dosagem de medicamentos, falhas na identificação, quedas, infecções associadas ao cuidado de saúde (IRAS), além de falhas na comunicação entre profissionais e família, são causas recorrentes de eventos adversos que poderiam ser evitados com protocolos e cultura de segurança bem implementados.
Dados e realidades preocupantes
De acordo com a OMS:
6 a 10% dos pacientes hospitalizados em países de baixa e média renda sofrem eventos adversos e até 50% deles são evitáveis.
Em neonatologia, um erro de dosagem pode representar múltiplas vezes o limite terapêutico com risco elevado de toxicidade.
Estudos publicados no British Medical Journal indicam que as taxas de eventos adversos em UTIs Neonatais chegam a 74 por 100 internações, sendo que a maioria envolve erros de medicação, infecção e falhas no manuseio de dispositivos invasivos.
Cases reais que impulsionam mudanças
Hospital de Clínicas de Porto Alegre (RS)
Após a implantação de um programa de identificação segura em sua UTI neonatal, houve uma redução de 35% nos erros de administração medicamentosa, associada à capacitação de equipes e uso de pulseiras com duplo código de barras.
Hospital Infantil Sabará (SP)
Implementou um plano robusto de segurança com foco em comunicação com pais e uso de checklists padronizados. O resultado foi a redução de 48% nas falhas de comunicação entre turnos e maior engajamento familiar nos cuidados.
Ações recomendadas para fortalecer a segurança neonatal e pediátrica
Identificação Segura do Paciente
Pulseiras duplas (uma reserva).
Conferência obrigatória com dois identificadores (nome e data de nascimento).
Medicação Segura
Protocolos de dupla checagem.
Farmácia clínica ativa.
Uso de calculadoras de dosagem pediátrica integradas aos sistemas eletrônicos.
Prevenção de Infecções
Higienização rigorosa das mãos.
Cuidados com cateteres e sondas.
Rondas de segurança e auditorias sistemáticas.
Ambiente Físico e Transporte
Evitar que mães e bebês transitem sozinhos.
Adequar os equipamentos ao porte físico da criança.
Evitar escadas, pisos molhados e áreas de risco.
Comunicação com pais e responsáveis
Informar, escutar e acolher.
Compartilhar planos de cuidados e mudanças no estado de saúde.
Capacitar familiares para participação segura.
Notificação e Aprendizado com Eventos Adversos
Cultura justa e não punitiva.
Sistemas de registro e análise de incidentes.
Planos de ação com aprendizado contínuo.
O papel da alta gestão: do discurso à prática
A construção de um ambiente seguro para o cuidado pediátrico começa no topo.
Lideranças institucionais que priorizam segurança como valor estratégico, destinam recursos, engajam as equipes e incluem indicadores pediátricos no painel institucional, conseguem mudar realidades de forma consistente.
Cuidar de crianças é cuidar do futuro.
Investir na segurança do paciente pediátrico é um ato de responsabilidade ética, legal e humanitária. É garantir que cada recém-nascido, cada criança internada, tenha não apenas acesso ao cuidado, mas à dignidade de ser protegido durante ele.
A escolha do tema "Cuidados seguros para cada recém-nascido e cada criança" para o Dia Mundial da Segurança do Paciente 2025 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) foi motivada por dados alarmantes e urgência de ação global em relação à vulnerabilidade de pacientes pediátricos e neonatais.
Principais motivos do tema para 2025
1. Vulnerabilidade biológica e clínica
Recém-nascidos e crianças possuem sistemas imunológicos imaturos, maior sensibilidade a erros de medicação e riscos elevados frente a infecções, intervenções invasivas e falhas na comunicação clínica. Pequenos desvios nesses cuidados podem ter consequências muito graves.
2. Alta taxa de eventos adversos evitáveis
Estudos globais mostram que:
Até 50% dos eventos adversos em cuidados pediátricos e neonatais são evitáveis.
Em UTIs neonatais, a taxa pode ultrapassar 70 eventos adversos por 100 internações, com predominância de erros de medicação, infecções e problemas na manipulação de equipamentos.
3. Desigualdade no acesso à segurança
Em muitos países, inclusive de renda média como o Brasil, faltam:
Protocolos específicos para crianças.
Treinamento de equipes em segurança pediátrica.
Equipamentos adequados ao porte físico e às necessidades das crianças.
Políticas de participação ativa da família nos cuidados.
4. Compromisso com os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS)
A segurança do paciente infantil está diretamente ligada à saúde e bem-estar, que visa assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades. A escolha do tema fortalece a agenda global de proteção da infância, essencial para sociedades mais justas e sustentáveis.
5. Mobilização de ações concretas e integradas
Ao selecionar este tema, a OMS incentiva países, instituições e profissionais a:
Criar estratégias de mitigação de riscos.
Engajar as famílias nos cuidados.
Adaptar os sistemas de saúde para as necessidades pediátricas.
Incluir a voz da criança e da família nas decisões clínicas.
Com a CQ Consultoria, a segurança neonatal e pediátrica deixa de ser apenas uma meta e se torna uma prática consolidada, porque cuidar do início da vida é garantir o futuro da saúde com responsabilidade, estratégia e resultados.
"A CQ Consultoria atua onde o cuidado começa." - Cátia Albuquerque
Fontes:
Organização Mundial da Saúde (OMS)
British Medical Journal (BMJ) – Pediatric adverse events studies
IBSP – Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente
Proqualis/Fiocruz
Estudos de caso adaptados dos sites institucionais dos hospitais mencionados

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