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Por que é tão importante garantir a gestão de equipamentos na saúde?

O mundo é repleto de profissões silenciosas, aquelas que o serviço impacta a vida de milhares de pessoas, mas que passa despercebida. Uma dessas profissões é o de engenheiro clínico, o responsável pelo bom funcionamento e desenvolvimento dos equipamentos utilizados na área da saúde.


Poucas pessoas conhecem a engenharia clínica e sua importância na gestão de serviços hospitalares.


A engenharia clínica foca na gestão de tecnologias de saúde, usando conhecimentos de engenharia e técnicas gerenciais para proporcionar gestão dos equipamentos que impactam nos cuidados dispensados ao paciente.


Em dezembro de 2011, foi publicada pela Anvisa a RDC no 63 que determina os requisitos de boas práticas para o funcionamento dos serviços de saúde. A resolução estabelece como obrigatória a implantação de programas de gerenciamento de tecnologia de saúde em instituições do setor, impulsionando o segmento de Engenharia Clínica. A medida tem como objetivo destacar os processos que podem afetar a qualidade do serviço prestado, chamando a atenção para o cuidado necessário na rotina hospitalar.

A equipe de engenharia clínica é tão importante que a resolução determina que esses profissionais devem estar presentes, inclusive, na fase do projeto do hospital, quando ele ainda não começou a ser construído para definição de pré-requisitos para a instalação dos mais diversos equipamentos, determinando a área ideal para cada setor do ponto de vista da segurança em saúde. Ele trará o olhar da saúde para as instalações físicas.


Como o engenheiro clínico é um profissional multidisciplinar, vários setores podem convergir seus processos de gestão para a engenharia clínica.


Logística: a equipe de engenharia clínica poderá indicar quais equipamentos são realmente uma prioridade para o hospital, o que deve ser reformado, como fazer uma transição segura durante mudanças estruturais;

Finanças: ele pode receber agentes de leasing e atuar diante dos agentes financeiros de modo a criar uma gestão voltada para o hospital, com um olhar para a saúde e;

Recursos humanos: ele irá ajudar a dimensionar equipes, controlar a necessidade de determinados especialistas nos plantões, inspecionar as práticas médicas.Relações institucionais: ele pode estabelecer parcerias com laboratórios e outras instituições, além de receber as agências reguladores para inspeção e auditoria.


Dentre os vários motivos que mostram a importância da engenharia clínica como apoio na gestão hospitalar, destacam-se:


Redução de gastos em compras e terceirização de serviços.

Um estudo científico divulgado na Revista Brasileira de Engenharia Biomédica mostrou que a presença de uma equipe de engenheiros diminuiu significativamente os custos contratuais do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Em 2010, sem essa equipe, teriam sido gastos cerca de 3,6 milhões de reais em contratos de compras de gases medicinais e serviços de diagnóstico por imagem. Ao contrário, foi possível fazer um melhor dimensionamento das reais necessidades do hospital e renegociar as demandas junto aos fornecedores, diminuindo significativamente os gastos para 737 mil reais. Considerando-se a manutenção de equipamentos, a diferença também foi enorme. Com o estabelecimento de uma equipe de Engenharia clínica, uma economia de cerca de 2 milhões de reais foi observada na unidade.


Acreditações de qualidade.

Cada vez mais os hospitais têm buscado títulos de excelência. Para isso, buscam acreditações de qualidade. É papel da engenharia clínica ajudar a melhorar o fluxo de trabalho por meio da padronização de processos, organização de evidências e a melhoria de outros componentes e políticas do parque tecnológico das unidades que pretendem ser acreditadas. Dentre alguns pontos, pode-se destacar a implementação de políticas de papel zero, onde os documentos, agora em formato digital, podem ser acessados de forma mais fácil e rápida durante processos de auditoria levando à economia de tempo, espaço e dinheiro.


Melhor aproveitamento e logística de leitos e controle do parque tecnológico.

Taxas de ocupação de leitos hospitalares abaixo de 70% indicam baixa utilização e ineficiência na gestão do hospital. A baixa utilização deste recurso pode indicar falha na gestão do hospital ou inadequada articulação com a rede de serviços. Um exemplo de falha na articulação é a falta de equipamentos mínimos nos quartos ou nas enfermarias que muitas vezes estão disponíveis, mas a localização deles no hospital é dificultada. Tal fato pode levar, inclusive, à aquisição desnecessária de novos equipamentos.


Automatização de processos e rastreabilidade.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), de 20 a 40% dos gastos em centros de saúde são ocasionados por desperdícios. No entanto, a rastreabilidade da origem destes desperdícios ainda é um problema. A falta de informações relacionadas ao fluxo de processos impossibilita o dimensionamento de perdas e a instalação de medidas preditivas e/ou corretivas.

Dados também são importantes na avaliação do momento ideal de desativação de um determinado equipamento, seja por um aumento do custo relativo de manutenção ou pela redução da confiabilidade.

A falta de manutenção mascara informações importantes necessárias para avaliação da confiabilidade de equipamentos para utilização em procedimentos cirúrgicos, por exemplo.


Percebe como a presença da engenharia clínica é essencial para praticamente todas as atividades de um hospital? Trata-se, afinal, de uma área completamente voltada para as necessidades da área da saúde, trabalhando com processos, indicadores e métricas voltados para a gestão hospitalar.


Referências:

RDC 63 - Anvisa


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